sábado, 11 de julho de 2009

CHOQUE!

Sabe, tive um sonho louco do qual você participava, e por isso resolvi contá-lo, mesmo que por alto.

Começou com um ensandecido e desenfreado [ab]uso de entorpecentes em uma casa que era meio a sua, meio a minha. Nós dois morávamos lá, mas não parecia ser de nenhum de nós objetivamente. Mas em todo o tempo você não estava lá.

Saí, saimos alguns e estávamos ébrios, loucos que somos, éramos, e mais - potencializados, potencialmente perigosos. Encarnados na ultra-violence. A rua era a sua, as ruas sempre são minhas, sou das ruas. Ao lado vendiam vinhos, uma enoteca. Entrei como na Häagen-Dazs, a provar de todos os rótulos. O senhor a quem pertencia o estabelecimento logo notou meu interesse por jogar-me ainda mais solto nos braços de Bacco, e me repreendeu. Fiquei violento e destruí parte de tudo. Saí.

Voltei pra tal casa, ainda sem você.

Ouvi um barulho na suposta área de serviço, e fui verificar com outras pessoas não reconhecidas. Havia um homem enfurecido caçando algo entre diversos objetos. Todo "protetor", bravo perguntei o que ele fazia por lá. Ele fazia "riddles" em vez de responder. Senti a ameaça do incerto, e parei de afrontá-lo. Ele do alto do quarto andar, ou quinto, não sei, deu um simples passo em direção ao telhado vizinho - o da enoteca. De lá, disse "seu tolo, e depois de tudo nem desculpas pediu". Ele, o senhor, o dono. Satisfação. Pegou o objeto com único interesse em mostrar como era perder algo injustamente. Senhor justo. E o que pegou nem vinha ao caso, apenas me dava conta de que era seu.

Tive que responder para ele, e agora teria que responder para você. Me pegou de jeito.

Fui só de cueca fazer a barba para não ser reconhecido, e aí você surgiu, o que me causou certo constrangimento. Pedi desculpas por estar semi-nu, e me dei conta que você estava de camiseta, calcinha e meia. Foi o que você mesma disse, tentando me tranquilizar: "calma, eu também estou só de calcinha, e a gente é amigo, não tem problema, acontece ué, também não sabia que ia te encontrar". Pedi que você se virasse para que eu fosse até minhas roupas e as colocasse sem mais constrangimento. Fui.

Logo em seguida você se respaldava no sofá. Sentei perto, no chão, como muitas vezes fizemos e conversamos. Você também já havia vestido algo mais próprio, e ainda de meias - uma azul e outra vermelha [porque hoje na vida real saí de casa sem querer com os tênis diferentes]. Sentia frio e pedia pra que eu deitasse a cabeça sobre seus pés para esquentá-los. Pouco depois, demos um abraço e aparentemente precisei partir.

Uma fuga. Quantas vezes fugimos até chegar?

Na rua andávamos meu irmão, DrooDroo e eu. Skate na mão, longboard. Meu irmão perguntou: "longboard é esporte radical?" E assim saiu na contramão no skate, por entre os veículos. Caminhávamos todos os três sempre pela rua, nada de calçada. Um gol preto tentou desviar do meu irmão, que fez de propósito ao ir de encontro a ele. Desviou com sucesso do skatista, mas bateu em um automóvel estacionado, de leve. Saiu puto, punhos em riste. Corri de volta, ia me jogar, tentar matá-lo e salvar. Mas o motorista voltou correndo pra dentro do carro e sacou uma pistola. Corremos como nunca e entramos num shopping. Perdi o João de vista e ouvi tiros. O franco-atirador me avistou e veio à minha caça, enquanto minha cabeça se dividia entre procurar o melhor caminho e refletir que o senhor da enoteca havia tentado me alertar.

De repente, de repente, as pessoas assustadas e o ambiente de lojas deram lugar a um insalubre motel. Sim, estava dentro de um quarto de motel quando bateram à porta e sem aguardar resposta a tombaram. Percebi uma outra porta, saí. Era uma ligação interna entre apartamentos distintos do motel, daquelas que casais adeptos do swing se utilizam para ser mais discretos na troca.

Eram portas sem fim, e passei por diversas, uma a uma, reparando nos mais diversos tipos e preferências sexuais. Casais tradicionais, sádicos, masoquistas, apenas mulheres... de tudo, e tudo muito rápido. Era uma cor estranha, tudo meio escuro, meio verde, meio irreversível.

No último aposento era tudo vermelho e branco, muito mais claro. Um tipo peep-show com diversas garotas em apresentação para público considerável. Compadeceram da minha situação e tentavam me esconder, sempre elas. Me acolheram, mas não poderiam interromper o show. Fiquei me esgueirando por trás delas, de pé. Lembrei das dicas de camuflagem que o site do Rambo dava, e resolvi que deitado seria mais difícil o atirador me reconhecer. De fato ele ficou um bom tempo olhando para o palco até se dar conta que eu estava sob a sobra da cortina que caía sobre o chão.

Levantei-me e saí correndo, dançarinas em algazarra atrasam o assassino. Fugi por uma escadaria de incêndio, dessas quadradas, cercadas por concreto esverdeado. O alarme gritou e os springlers choraram. Descia com furor.

Térreo. Abri a porta, portões bloqueados. Tensão nos fios ao alto de altos muros, uma bateria de altíssima amperagem, fagulhas... prótons saltitantes. Tentaram arrombar o portão para que fugisse. Nada. Pé, mão, coxa ombro cabeça muro, belicoso muro. Choque.

E agora que você chegou até aqui já se deu conta de que ao dizer que contaria a história toda "por alto", não passava do mais puro sarcasmo.

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