segunda-feira, 13 de julho de 2009

FANGOTTINI E O ESPAÇO

Da última vez que isso aconteceu, uma semana de braço e ombro doendo.

Jogar boliche em plena madrugada, quem diria! Mas dessa última vez era apático, sedentário, sedento por noites que terminavam em meio de dias. Calcei os sapatos bicolores, roubados, e fui deslizando pela rua de madeira.

“Como deslizam bem os sapatos”.

Chegando ao guichê, os trocamos pelos patins de boliche. Aos novatos, patinetes. O patins mais reluzente era de um gato preto, meu próprio gato preto, Fangottini. Mais reluzente porque era profissional; em vez de rodas, uma lâmina cortante metálica traçava curvas bezier em sua pista de gelo.

Eu, na minha, não chamava atenção a não ser pelas gigantes bolas que escolhi para o jogo. No entanto agora corro, e com a prorrogação promocional no programa de milhas meu fôlego e força aumentaram exponencialmente! Nada disso, entretanto, tirava da maioria a atenção no gato. Não sou gato.

Fangottini era e movia-se como um profissional, que gato! Jamais se viam as quatro patas tocar ao mesmo tempo o solo, direita, esquerda, direita... como um cavalo a galope, mas de lado como todo gato excêntrico que se preza. Arremessava suas duas pequenas bolas com o rabo, com a agressividade serena de um bicho castrado.

“Que gato!”, diziam por ali. Fiorella, bela siamesa com sei lá o quê, dizia “que gato!” sem ser ouvida, mas observada.

Fangottini era e movia-se como um profissional, que gato!, e ao final dessa tarde era profissional e campeão. Largou da pista blasé, agarrou pela cintura Fiorella e graças a tudo que fizeram mais tarde ganharam vários pares de sapato, presentes de casamento dados pelas janelas de edifícios vizinhos. Acendiam, gritavam, arremessavam, partiam. Gritaram a comemoração por horas a fio, pareciam agressivos um ao outro, mas entre quatro paredes ou em cima do telhado cada casal faz o que bem entender.

A única grande preocupação era quantos filhotes viriam, precisavam de seu espaço. No melhor dos mundos, criariam os pequenos no MySpace dos Borderlinerz e fariam de lá sua casa, mas imagine qual não foi a frustração de Fangottini ao saber que a banda havia acabado.

Sentiu-se com as bolas na mão.

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Dormi pouco, sonhei menos ainda, mal escrevi.
Me avise se mau escrever mal.

No outro blog, uma letra/poema também sobre sonhos hoje aqui, e os extintos Borderlinerz aqui.

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Um comentário:

  1. haha muito boa a estoria... parece q vi acontecer como num filme
    escreveu bem, Daniel
    abrass

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