quarta-feira, 15 de julho de 2009

LIQUIDIFICANDO

Elevadores no escuro, escadas ao amanhecer. Nada mais justo e salutar.

Mas como nonsense, ou menossense, aqui é escuro e desço infinitos lances segurando nos braços um bebê. Que trabalho de câmeras!, ora vejo por meus olhos, que são por vezes os do bebê, então apesar de não fazer intenso uso dos imperativos por mandar apenas em quem não manda em mim, imagine que se alternam chão se aproximando e teto se afastanto, curvas para a direita e esquerda, apesar de sempre antihorário. Um pouco Tim, um pouco Michel, oui.

Quando pára tudo de girar [e não tirarei do pára o agudo por ser meu de direito, já terei que seguir regras impostas aos fumantes – respeito porque cigarro sempre me ensinaram errado, mas gramática fui atento e disciplinado e aplicado e nunca esqueci uma dica, Andrighetti, quebrarei, no entanto e nos apostos, as regras da forma como me convier] estamos numa longa avenida, esse meu bebê e eu, esse neném de quem cuido e que de certa forma sou eu, e se não conversamos, ao menos nos entendemos. Entendemos.

Às vezes não me entendo, estranha ligação portanto, mas assim. Não criei a [i]lógica, nunca foi meu esse job.

Ao final da extensa e reta avenida com apenas uma curva, trinta minutos depois andamos três anos. O bebê some para dentro de mim e adquiro toda sua experiência e sabedoria. Branco.

Branco. Pupila. Química. Softlights. Perceba [imperativo] que nasci fui para a escola cursinho faculdade trabalhei os primeiros trabalhos e chegarei onde estou ou à frente agora, tudo assim sem vírgula ou poucas e poucas palavras. Magia de sonhos, maestria de egocêntricos, egos excêntricos dessa cidade que é tão minha e empresto a todos que mereçam. Você merece. Você não.

Branco pupila química softlights, RitchieeaviagemmaisexpressaNY–Londonquesetemnotícia estilisticamente falando, cá estou a me acostumar à luz, ao lado de uma chefe, atrás de uma mesa defronte a todas as câmeras do mundo, broadcast super-8.

“Você quer uma boa notícia?”
“Quem não quer?”
“A boa notícia é que o velho liquidificador se foi para sempre.”

Melhor impossível. O teleprompter, em tempos que horóscopo me manda jogar fora o peso morto e começar a viver, me diz, diz a mim, estrela com pó na cara, que a minha lua tá na casa do caralho. Essa emprestei faz tempo, senhor gênio.

E por que raios caralho não é verbete reconhecido pelo MS-Word? Politicamente correto? Politicamente correção? Palavrão é imoral, mas não ilegal. Aos que escrevem, o direito a uma correção correta e imparcial, não valendo justificar como esquecimento e o caralho junto a outra caralhada de coisas. Manchei a página de cobrinhas vermelhas agora.

Perdão. Como ainda estivesse sonhando, devaneio e fico todo espiral, pulando do onírico para o estilístico e saindo do foco, o que apesar de tudo chega a ser metalinguagem, estilístico novamente. E me corrijo pelo perdão, afinal nem sagrado nem profano, não há pecados para quem é ateu. DESCULPE.

Bem, se o antigo se foi, conheçam o novo lefiticador [sic]. Não é Kitchen-Aid mas faz sucos como Minute Maid e serve direto do copo ao copo por uma pequena cloaca no fundo da lâmina centrífuga inoxidável removível lavável.

De repente todas as peças se encaixam, e isso vai ser uma maravilha. Grandes benefícios, donas-de-casa, e de repente todas as peças estão soltas e prontas, dispostas a ser limpas. Vamos tirar todos os fios de barba que não te pertenceram nem por um dia de dentro desse quase viscoso acrílico. E de repente, todas as peças estão soltas.

Solto está o aroma de do suco saindo pela cloaquinha direto para o copo americano, suco de banana, mexerica e maçã, temperado com granola.

As peças estão soltas, e na hora de remontar o quebra-cabeça podemos propositalmente esquecer de algumas delas, remontar e funcionar ainda melhor do que antes. Seria isso se livrar do peso morto?

Projeto em todos aqueles com pelos [rá!] minha ira e quase desilusão, projeto seu pé atrás, minha amiga que tanto sabe da vida minha, os cabelos longos se forem pretos, o barro na sola dos sapatos, a lama, e ataco tudo ao pote depois de moer pela e soltar pela cloaca inoxidável, lavável ainda por cima. O sonho é meu e aqui impero.

Aqui as coisas são como deveriam ser.

Abro uma revista enquanto beberico licor de limão, e a chamada: “receitas de suco e vida, nada mais justo e salutar”, uma foto de nossa amiga que os recebeu em casa.

Yes, it’s gonna blend and make a tasteful, marvelous, remarkable juice out of us.

Ora, se não somos nós o sabor disso tudo! E porque aos doentes, líquidos. São mais fáceis de engolir e digerir.

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Irresistível colocar mais sobre alguém que vejo e que ao mesmo tempo sou eu, como o bebê, está aqui.

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